#CONTAPARAGENTE - Websérie Latentes
Luana Losimfeldt
Como surgiu a ideia do projeto?
Carol: Eu sempre assisti filmes lésbicos e sentia falta de uma
representatividade real neles. Então comecei a me ligar em quem estaria à
frente desses projetos e quase sempre me deparava com diretores homens, brancos
e heterossexuais. Isso me motivou a tirar do papel meu primeiro roteiro, o
Latentes. Então eu reuni um pessoal que abraçou totalmente a ideia e fomos
filmar! Já fazem 05 anos que filmamos e esse foi um começo bem importante pra
todos nós.
Como funciona a Colabora?
Carol: A Colabora funciona como uma ColaB. Temos uma equipe fixa
no comando dela, eu, Priscilla, Renata e Renato. Cada um com suas múltiplas
funções. Mas também temos uma equipe de parceiros que trabalham com a gente em
projetos maiores quando necessário, como em Contos Latentes.
Como vai ser a
websérie Contos Latentes?
Carol: CONTOS LATENTES é o livro de contos da Nina, personagem
de Latentes, que se propõe a contar histórias de mulheres que amam mulheres,
seus conflitos, encontros e desencontros. Não é uma história contínua, cada
temporada contará uma história diferente, ou seja, cada temporada o conto
diferente desse livro.
Qual a importância
desta série para mulheres LGBTQ+?
Carol: Inicialmente a representatividade que elas tanto
precisam, mas não apenas isso. De forma bem mais sutil do que em Latentes,
vamos abordar alguns assuntos necessários a serem discutidos, como
relacionamento abusivo entre mulheres, bissexualidade e como as lésbicas lidam
com isso… Enfim, vamos trazer muitas reflexões ao longo das temporadas.
Priscilla: Um projeto LGBT independentemente da abordagem, é
importante pra nós LGBT, pois trás representatividade.
É importante que possam consumir
coisas que se identifiquem, que se enxerguem. Que de alguma forma ajudem no
autoconhecimento. Lembro que quando fui descobrindo minha sexualidade não havia
conteúdo que eu pudesse buscar. Muito pouca coisa e meio que “demonizando” e estereotipando
o homossexual
E essa série traz isso. Falamos
de outros temas que qualquer pessoa pode viver, independente da sua
sexualidade.
Como você se sente
com esta falta de representação no cenário nacional?
Carol: Isso é uma coisa que sempre me incomodou muito. Passei
parte da adolescência com pensamentos errados sobre a minha sexualidade
justamente pela falta de representatividade. Isso é uma coisa muito perigosa,
porque pode levar a um caminho sem volta.
Priscilla: Triste, porém esperançosa. Cada dia mais inclinada a
produzir, participar e divulgar projetos LGBTQ+, principalmente conteúdo lésbico,
que além de fetichizado ou apenas trágico, se manteve tão raro por tanto tempo.
Porque você acha que
ainda existe esta falta de representatividade em produtos culturais nacionais?
Carol: O Brasil ainda é um país muito conservador e além de
conservador é capitalista. O audiovisual tem que vender e as grandes produtoras
achavam que histórias LGBTs não seriam bem aceitas pelo público, o que não
traria o lucro esperado de uma produção. Mas isso tá mudando, não de uma forma
totalmente positiva, mas está.
Com os avanços da militância LGBT, tem aparecido uma galera
querendo pegar uma carona no aumento do interesse nas produções desse tipo. Com
isso tem surgido mais material, porém algumas coisas meio duvidosas. Ainda sim,
é um começo. Mas sem dúvida o movimento
independente dentro do Youtube vem fazendo a diferença e ganhando destaque,
especialmente no conteúdo lésbico. Tem bastante coisa legal por lá, sendo
feitas por mulheres lésbicas e isso tá mudando o cenário porque força a
reflexão da necessidade dessas histórias serem contadas por suas reais
protagonistas e mostra que isso faz toda a diferença pra quem assiste.
Priscilla: Por falta de conhecimento. As poucas produções que
vimos por tanto tempo, como novelas, por exemplo, que são consumidas pela massa
era feitas por heterossexuais, ou seja, sem a vivência da coisa, sem prioridade
ou propriedade pra tratar de um assunto que não lhe diz respeito e talvez nem
lhe toque.
Hoje temos mais coragem pra produzir, mais conhecimento e
acesso também. Hoje temos mais lugares pra exibir e pessoas mais interessadas.
E a tendência é só aumentar!
Qual a sensação de
participar de um projeto como este que trás tanta representatividade?
Carol: A melhor possível! Saber que estou contribuindo para que
as meninas, hoje, não passem pelo mesmo que passei é sensacional. Ainda mais
nesse momento político bizarro que estamos vivendo, é preciso resistir e não
podemos recuar! Então tem muita coisa pra fazer ainda!
Priscilla: Completamente satisfatória. Sensação de dever
cumprido e de ter direito a um caminho a trilhar. A emoção de ver meninas que hoje, através da arte mesmo, se
identificam, se vêm, se reconhecem e isso ajuda no autoconhecimento delas.
Acompanhe o projeto pelas redes sociais:

Comentários
Postar um comentário