COCO - A VIDA É UMA FESTA - Histórias Latinas merecem ser contadas
Gabrieli Sales
Durante muito tempo a gente vê Hollywood entregando
histórias que exaltavam o homem branco. Filmes sobre culturas europeias,
conquistas americanas e a figura do povo latino-americano era usada como pano
de fundo, tendo pouco destaque e quase nunca tendo sua cultura enlevada.
A ganhadora do Oscar de Melhor Animação em 2018, Viva: A Vida é Uma Festa (Coco), animação produzida pela Disney Pixar é um dos poucos exemplos
de uma produção que representa a história de um povo latino que ganhou
notoriedade e reconhecimento, devidos, no cinema mundial.
A produção conta a história de Miguel, um menino de 12 anos
que sonha em ser um músico famoso tal como seu ídolo, o falecido cantor Ernesto
de la Cruz. Mas, o garoto vem de uma família onde música é tratada como uma
maldição desde quando seu tataravô abandonou a família para seguir a carreira.
Determinado a seguir seu sonho, Miguel acaba desencadeando uma série de acontecimentos
ligados a um mistério de 100 anos que acaba o levando para o Mundo dos Mortos,
onde tudo é belo e colorido. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia
dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.
Após seu lançamento veio a inevitável comparação com outra
animação: Festa no Céu (The Book Of Life), produzida por Guilherme Del Toro,
que também se inspira no feriado do Dia dos Mortos. Apesar de se ambas tratarem
do conflito entre ser um músico ou seguir a carreira do pai e levar os seus
protagonistas a uma viagem ao Mundo dos Mortos, as semelhanças param por aí.
Mas notar as similaridades entre as duas animações nos faz
questionar como culturas latinas são tão pouco representadas no cinema, e
quando são retratadas caem, muitas vezes, em estereótipos muito reproduzidos na
indústria midiática. Quantos filmes não mostraram um imigrante latino que teve
que se envolver com o tráfico de drogas por não conseguir emprego? Ou uma
mulher latina ser hipersexualizada em uma produção cinematográfica?
O sucesso de uma animação que fez, e faz, pelo
mundo pode abrir a porta para a discussão de como os povos latino americanos
são tão desprezados por Hollywood e, quem sabe, também traz a oportunidade de
que mais produções passem a retratar com respeito essas culturas tão ricas e
diversas.


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